Ideais, sonhos...o que queremos, o que somos? Deveriam ser perguntas simples de respondermos, mas não são. Compreender a complexidade da vida, do lhe dar com corpos que vivem diferentes situações, compreender o que cada pessoa faz, mesmo que inicialmente pareça errado, enxergar além do superficial. Essas são algumas situações que um professor, ou além disso, um educador tem que viver. Essa semana me foi apresentado, através de um filme baseado em fatos reais, uma história que conta a vivência de uma professora que transforma a vida dos seus alunos, através do mergulho ao desejo de vê-los diferentemente.
O filme "Escritores da Liberdade" retrata toda a dificuldade de lidar com alunos que eram excluídos por toda a direção da escola, pelo sistema, mas também por eles mesmos, já que se consideravam a margem daquela sociedade e encontavam nas gangues uma maneira de serem melhores. Erin Gruwell, a professora, cria estratégias para chamar a atenção dos seus alunos e mostra a eles, que heróis de verdade não são os que matam por brigas de gangues sem sentido, mas aqueles que sobrivem a guerras muito maiores. Partindo desse argumento, atrái a atenção dos alunos e trabalha com a literatura, e leva-os a exposições que mostram as "grandes gangues" da história -como o nazismo- e ensina-os que em guerras, muitos inocentes morrem, sofrem. "O diário de Anne Frank" é um dos livros que a professora apresenta, e também utiliza-se da idéia do diário para conhecer seus alunos. Enxergando sem máscaras a vida real de cada aluno, o interesse de transformá-los vai além, até mesmo sacrificando sua própria vida.
O filme além de impactante, mostra uma perspectiva do quanto a educação de verdade exige interesse daquele que o faz, exige sacrifícios que não são fáceis. Fazer o que Erin Gruwell fez, talvés seja impossível num plano educacional para 100% dos casos, mas o simples fato de perceber, questionar o que é educação de uma forma geral, e tentar modificá-la saindo de um formato quadrado já seria um passo inicial. Baseado no que foi tratado na ultima postagem, acerca do debate da Viviane Mosé, no Café Filosófico, percebem-se vários pontos em comum, principalmente sair da mecânica e da burocracia da educação. Eu me questiono o que aprendi de fato na escola ao longo de dez anos. Muito pouco ficou gravado, porque muito pouco foi vivido. Hoje compreendo que o que importa não é o quanto o professor vai passar de atividade, de lição, porque copiar um texto da lousa só me fez perder tempo e gastar papél e isso não me faz recordar de nenhum texto que eu tenha escrito, mas quando plantei uma árvore ou debati em sala de aula sobre ética como fiz na matéria de filosofia uma vez já no ultimo ano do ensino médio, são coisas que eu lembro, porque vivi de forma inteira. Sempre fui aluna de média A ou B e quando vejo a vida percebo que tudo o que sei, não foi a escola que me ensinou, mas outras experiências.
A música abaixo mostra esse lado mecânico e pouco promissor da nossa educação tradicional:
A música abaixo mostra esse lado mecânico e pouco promissor da nossa educação tradicional:
Música Estudo Errado - Gabriel O Pensador
Viver... vivenciar, é isso que fazemos a cada dia. Sentir nosso corpo, provar o novo, viver o lúdico, passar vergonha. Dançar country foi novo para mim e para quase todo grupo. Nos caracterizar nesse universo do interior e compreender sua cultura, mas principalmente ver e viver nossos ensaios e a apresentação foi o mais interessante. Assistimos e dançamos vários estilos como forró, anos 60, samba rock, entre outros, vivemos momentos lúdicos, prazerosos, percebemos as diferenças dos corpos ao traduzirem o que sentiam quando dançavam, como a timidez, a desenvoltura, a entrega. Em alguns momentos houve a espontaneidade na imporovisação ou no simples desejo de dançar. Em alguns percebiamos os problemas daquele corpo falarem mais alto, deixando-os mais de lado, em outros víamos a satisfação e a incorporação assumindo aquele corpo que mesmo fadigado, entregava-se ao desejo de dançar.
Daolio (1995, p.39-40) “O homem, por meio do seu corpo, vai assimilando e se apropriando dos valores, normas e costumes sociais num processo de inCORPOração (a palavra e significativa). Diz-se corretamente que um individuo incorpora algum novo comportamento ao conjunto de seus atos ou uma nova palavra ao seu repertório cognitivo. Mais do que um aprendizado intelectual, o indivíduo adquiri um conteúdo cultural. Em outros termos, o homem aprende a cultura por meio do seu corpo.”. Compreender essa definição do Daolio, é perceber que sugamos tudo o que nosso corpo compreende como importante, somos nossa própria cultura, contamos nossa vida no corpo, nossas marcas, nossas histórias, mas dentre tantas coisas que vivemos dia após dia, nos lembramos apenas das experiências mais marcantes, então cabe a nós compreender e fazer a cada dia com que as coisas comuns se tornem experiências, e para isso temos que ir além e viver, aprender, mas aprender de verdade, experimentar sem medo, brincar, lutar, entender, ter sabedoria e proporcionar sabedoria através do argumento mais simples, desligando as máquinas da rotina, do isolamento e abrindo as jaulas para a liberdade, para a compreensão dos valores, do que importa, para a entrega do viver.
Bibliografia:
DAOLIO, Jocimar. Da cultura do corpo. Editora: Papirus, Campinas, 1995, 108 p.
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