Sempre gostei de fazer atividades físicas e logicamente isso contribuiu para a escolha do curso de educação física. Já fiz iniciação a Ginástica Artística (antiga olímpica) na infância, já joguei no time de handebol da escola, já fiz natação, academia, enfim. Mas o curioso é que o fato de eu ter praticado essas coisas não fez com que eu compreendesse muito dos seus significados, ou seja, é a questão apenas do procedimental (fazer) e nunca do atitudinal, tampouco do conceitual (Darido, 2007).
Essa semana tive a experiência de fazer uma ginástica diferente de tudo que já havia feito nas academias, uma ginástica lúdica da qual a sensação era que eu estava brincando com meu corpo e com os corpos dos outros alunos. Foi uma ginástica que eu gostaria que todos pudessem experimentar, tamanho o prazer em fazê-la, além da interação direta, do toque nos outros corpos, das trocas de informações. A ginástica que nos foi apresentada era inicialmente brincadeiras como, em uma banco de madeira estreito tinhamos que nos organizar em ordem de tamanho sem descer do banco, passando um entre o outro e protegendo os companheiros para que também não caíssem, ou ser jogado como um boneco de vento que caí de uma lado para outro, ou ainda nos organizarmos em grupo para seguir regras de como o grupo poderia se manter com dois ou três pés no chão quando éramos em dez, e assim tinhamos que plantar bananeira ou deitar, ou ajoelhar para cumprir o que o jogo propunha, enfim. Experiência que trouxe muito prazer, mas que depois de executada, nos foi apresentada surpreendentemente como atividades de iniciação a ginástica acrobática. Logicamente eram movimentos muitos simples e limitados comparados as grandes acrobacias de grupos profissionais, porém trabalhou em nós questões fundamentais como a confiança um no outro, já que dependíamos um do outro para executar as atividades, ou formação de figuras que fazíamos ao improvisar como agir em determinada tarefa, ou ainda a percepção de que alguns tinham mais medo de ousar e mantinham-se sempre no chão, enquanto outros se propuseram a ser colocados no alto, podendo ser analizado que, por exemplo, em uma formação de pirâmide humana, alguns servem para ser base e outros para subirem, além de toda interação e magia que fizeram parte das atividades naquele momento.
Foi uma percepção totalmente nova da ginástica, que eu mesma via limitadamente como movimentos de alongamento, por exemplo. Além de que são situações simples que exigem poucos equipamentos e que pode ser aplicado -com segurança- nas escolas ou em academias e com certeza, a visão sobre ginástica seria transformada totalmente, assim como aconteceu comigo.
Além disso, outra forma de atividade corporal foi trabalhada: A iniciação ao Le Parkour. Igualmente a dinâmica da ginástica, sabemos que a prática desse esporte exige muito treino e habilidades corporais, mas que a iniciação proporciona um jogo com características lúdicas (Huizinga, 2004) e proporciona um contato inicial com um novo esporte, que poderá ser praticado depois se houver afinidade com a prática. As dificudades e facilidades também aparecem muitas vezes nos surpreendendo, como o salto em quatro gavetas de plinto ou os rolamentos (eu na foto). E são nessas situações que percebemos como nosso corpo sofreu transformações ao longo do tempo, já que rolar ou pular nas brincadeiras de mãe-da-mula eram tão comuns e tão fáceis de serem realizadas e hoje são movimentos vistos com certo temor de serem praticados.
Vídeo Le Parkour
Fazer Le Parkour ou ginástica, mecher e ousar com o corpo traz recordações das habilidades dos jogos infantis (Pieter Brughel), e nesse momento proporciona o prazer de um jogo livre, mas também o esclarecimento de todas as mudanças corporais, porém com novas perspectivas: Praticar, experimentar é maravilhoso, mas também, maravilhoso será proporcionar essas experiências para quem não as conhece e ensinar na nova metodologia da ação.
Bibliografia:
DARIDO, Suraya. Para ensinar educação física: Possibilidades de intervenção na escola. Editora: Papirus, Campinas, 2007, 1º ed., p. 112
HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: O jogo como elemento da cultura. Editora: Perspectiva, São Paulo, 2004, 5º ed. 256 p.
BRUEGHEL, Pieter - Obra "Jogos Infantis", 1560
Um comentário:
muito bom o post
mas queria fazer duas observaçõess:
1º não é Le Parkour e sim Parkour pq o LE é o artigo Frances ^^
2º na foto vc ta rolando por cima da sua coluna, no Parkour não se rola assim, o rolamento no Parkour é meio que de lado para nao machucar a coluna ^^
mas o post ficou muito bom =]
Postar um comentário