Corpo: Corpo é carne? corpo é alma? corpo é personalidade? Corpo é máquina?... Não, corpo é tudo! Cofesso que a compreensão ou definição de corpo não é algo simples, apesar de sermos corpo. Pensar no corpo como totalidade não é algo fácil, principalmente quando temos embutido em nossa cultura, características de divisibilidade. Segundo o artigo "A tranformação da visão de corpo na sociedade ocidental" (Júlia Paula Motta de Souza Pinto e Adilson Nascimento de Jesus - 2000), Sócrates e Platão possuiam essa idéia dualista de corpo: Alma é superior ao corpo. Para eles existiam dois mundos, um superior da qual considerava-se o intelecto, a razão a alma, sendo este superior, enquanto inferiormente estava o corpo que padece. A descrição mais próxima deste entendimento é a famosa frase: O corpo é a prisão da alma. Na idade média, a igreja se vale desta idéia dicotômica, já que o corpo é associado a sexualidade, pecado e deve ser preservado íntegro, chegando ao ponto de auto-flagelo. Mas a idéia não é compreender corpo para a igreja, mas perceber a influência de tal na cultura ocidental. René Descartes, apesar da sua luta contra a religião a favor da ciência, não se desfez da idéia dualista, e apesar de coompreender que o corpo está unido a alma, compreende que a alma é superior, afinal ela é indivisível, enquanto o simples corpo é composto de partes, ou seja, é matematizável, é maquina. Essa idéia cartesiana está implantada ainda na nossa sociedade, apesar de sua visão reducionista. Nós não somos divisíveis, tampouco máquinas, mas sim seres integrais que vive, pensa, absorve, observa. A Dr. Margarida Gaspar de Matos, no livro Corpo, Movimento & Sociedade (1994) nos fala que mesmo gêmeos monozigotos (idênticos) não são as mesmas pessoas, porque não são máquinas que possuem a mesma "casca" e a mesma função, mas sim são corpos cheios de personalidade, que refletem tudo que são, que aprenderam.
Compreender essa visão de todo, nos fez utilizar de uma arte marcial que foi vista de duas formas: Como esporte, compreendendo sua história e suas caraterísticas, mas também como um ideal de totalidade. A cultura oriental, tem entre suas caracteristicas a percepção de igualdade, não havendo separação entre corpo, alma ou qualquer outra coisa, mas apenas percebendo que tanto uma dimensão suprema (eterna) ou histórica (nasce-morre) tem importância equivalentes. A luta do taekwondo, apesar de ter em muito dos seus movimentos, treinamento, fatores mecanicistas, possue em seu ideal um benefício sem separações, que se for apenas visto como luta (movimentos de perna e braço) não coompreende a essência do ser (Yeo Jin Kin - Arte Marcial Coreana), pois o corpo adquire percepções que sempre estão atreladas ao todo.
"Nós que aqui estamos, por vós esperamos" é um documentário fantástico, que nos remete a uma condição de pensamento sobre tudo que é ser. O corpo é parte da história, alguns com "mais" importância, outros com "menos", mas pensar que o universo é sempre uma corrente ligada, que cada atitude ou história refletirá num futuro talvéz nos transporte para uma dimensão mais inteira da nossa função de existirmos.
Pensar na técnologia, no que temos hoje, ou no que teve meu pai, por exemplo, que trabalhou com os primeiros computadores, no Banco do Comércio, na década de 80 onde ele conta que eram do tamanho de uma sala e hoje eu tenho um portátil, sem fio, que carrego o dia inteiro e que me conecta com o mundo. Ver essa evolução dos corpos que nos tráz uma visão de superioridade, de rapidez, também nos leva a perceber que o preço da modernidade é a desestruturação humana. O corpo não é uma máquina, o mundo não é singular, perceber a importância e o todo, a manifestação corporal, a exploração e a liberdade de expressão é vida. Cada um conta sua essência, conta sua história, e a deixa para que os vivos a conheçam, mesmo aqueles que nunca tiveram acesso a essa "ascenção" ocidental.
Índios - Manifestações do corpo que é total, que é arte, história, cultura, é vida!
Os jogos cooperativos, é uma prática que mostra um pouco de vários fatores lúdicos e corporais (o todo). Compreender o seu significado e sua importância social é fundamental. Apesar de parecer uma discussão atual, Orlick nos fala que é uma prática milenar “começou há milhares de anos, quando membros das comunidades tribais se uniam para celebrar a vida" (Orlick, apud Brotto, 2002, p. 47). Não era uma competição, mas um apoio, uma troca cultural, da qual as práticas de tal tribo indígenas era demonstradas em jogos, expondo toda sua força e beleza através da pesca, das danças, das artes. Os jogos cooperativos ganhou uma importância maior nos anos 50 através dos estudos de Ted Lentz nos estados Unidos e no Brasil através de Fábio Otuzi Botto. Para Orlick, que é um grande nome dos jogos cooperativos a idéia era: “O objetivo primordial dos jogos cooperativos é criar oportunidades para o aprendizado cooperativo e a interação cooperativa prazerosa" (1989 p. 123). Além disso, esse autor tem a visão de mudar o fator vitória-derrota, para vitória-vitória. Brotto, também pensava que o principal era a idéia da não exclusão, onde tudo pudesse ser adaptado para que todos participassem.
Jogos cooperativos - Nossa aula
Brincamos, jogamos cooperativamente, nos conhecemos...essa foi algumas das sensações que tive ao pôr em prática parte do que tinha aprendido sobre os jogos. Mas compreendo que ali o meu corpo se manifestou, a minha vida foi alterada e preenchida com mais uma coisa que agora faz parte do corpo Evelin.
Nenhum comentário:
Postar um comentário