Esporte e Jogo... É assim que aprendi a defini-los hoje. Logicamente estão interligados em muitos fatores, um nasce do outro, são parecidos mas não iguais como eu pensava. Há algumas caracteristicas que os distinguem, como que o esporte possuí equipamentos, campos profissionais, técnica, treinadores, estrutura, torcidas, mídia, dinheiro, entre outras, e o jogo é o inverso, pois é livre, improvisado, sem fins lucratrivos, sem federações e sem regras impostas de fora, é o "gosto porque gosto" (Giovanina G. de Freitas Olivier). Além disso, o esporte passa por outras áreas, como a psicologia (Psicologia do esporte - Afonso Antônio Machado), medicina, o jornalismo, enfim, pois o esporte de auto rendimento, mobiliza profissionais e também torcedores. O esporte é algo que está imbutido na nossa cultura, principalmente o futebol, como descreve a letra do vídeo abaixo, com a famosa música do grupo skank - "É uma partida de futebol"
A letra mostra todo envolvimento que o esporte tráz as pessoas, principalmente em grandes competições como a Copa do mundo, ou as Olimpíadas. Ademir Gebara no livro Esporte, história e sociedade, nos diz que desde 1896, as Olimpíadas tinha o intuíto de promover espetáculos de massas e é o que vemos hoje. As lutas, por exemplo, podem não ser tão populares, mas como esporte de alto rendimento, mobiliza e trás consigo praticantes que são treinados para vencer. O Taekwondo, a Esgrima, o Boxe, são constituídos de técnicas, fundamentos e muito brilho e dinheiro como no caso do Boxe.
Perceber toda a mobilização do esporte, e tudo o que ele faz para a sociedade de forma benéfica é válido, porém existe o questionamento de alguns estudiosos, quando toda essa força da mídia e os valores são embutidos na sociedade e principalmente na educação de forma duvidosa. Valter Bracht no texto "A criança que pratica esporte respeita as regras do jogo...Capitalista", coloca esses fatores em questão. Pelo esporte ser uma profissão, ele exige técnica, logo competência e essa rigidez é tranferida para as práticas esportivas infantis que deveriam ser mais brincadeiras do que exigências. Bracht levanta questões como que as regras impostas são aceitas sem questionamentos, por medo de exclusão, além das questões sociais, aonde geralmente a predominância da burguesia (na maioria dos esportes) prevalece, já que há mais possibilidades. A busca incondicional da vitória, além da questão de ver o outro sempre como adversário, como diz Liana Abrãao, no livro Lúdico, educação e educação física (Nelson C. Marcellino - 2003) "...questão de que os mais fortes têm vez e suprimem os mais fracos. O outro é sempre adversário, inimigo a quem tem que se vencer, pois apenas um só será o vencedor, e o outro o derrotado. Na competição tem que se 'jogar contra e nunca jogar com'...". Apesar da visão do jogo lúdico, como associação ao ócio, estudiosos (Huizinga, Winnicott, Piaget, Chateau, entre outros) não deixam de ressaltar sua importância, lembrando que ele pode fazer parte de atividades sérias, como a escola, e principalmente que é fundamental para a humanização, já que é repleto que características humanas, traços que máquinas não fazem como diz Miriam Moreira de Mello que é o "...brincar, o simular, o divertir-se...; quando essas particularidades desaparecem, o homem perde marcas fundamentais da sua singularidade".
Existe espaço na sociedade para tudo, como coloca Tubino, ao classificar esporte de performance (auto-rendimento), participação (lazer) e educação, porém é preciso encontrar espaço para ambos, e saber distinguir quando O VENCER ultrapassa não só as quatro linhas, mais sim a civilidade, estando acima de qualquer coisa. Quando a competição torna-se o êxtase da vida, mas nem sempre tendo o discernimento de que perder faz parte. Imbutir o luducismo na sociedade, na educação, traz o entendimento de cooperação, da exploração e do divertimento, por tras da aprendizagem. Mauro Betti, escreve:
" O esporte como lúdico precisaria ser aprendido ou reaprendido e os espaços sociais para tal precisariam ser preservados e/ou criados. Essa conclusão traz implícita uma valorização: reconhecer a possibilidade de realização no esporte de outros valores que não os da cultura esportiva hegemônica. Não apenas o rendimento máximo do superatleta, mas o ótimo das pessoas comuns...; não somente dinheiro e medalhas como recompensa, mas também o prazer intríseco de participar; não só rivalidade, mas cooperação no confronto com outro ser humano."
Isso define a idéia...ambos são ótimos, mas suas ferramentas precisam ser compreendidas.
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