Ler, explorar, aprender são coisas que a universidade me proporciona todos os dias, mas a letra sem prática muitas vezes torna-se vazia, e poder enxergar os conteúdos na minha vida, ou na história é algo que traz mais clareza, além da beleza de poder ver tudo por um novo olhar, um ângulo que era desconhecido. Esse é o intuíto, e é assim que o Huizinga trabalha nas nossas mentes com seu livro Homo Ludens. A nova leitura do capítulo O Jogo e a Guerra, me fez perceber como o lúdico está presente nas coisas mais diversas, na história, na vida. Imaginar que o jogo lúdico possa ser resumido em uma brincadeira de criança é minimizar uma visão magnífica de que o lúdico está e sempre esteve muito presente.
As guerras e as lutas são marcantes na história, e o Huizinga demonstra características do ludicismo até nesse tipo de atividade. É verdade que é um tanto quanto difícil imaginar inicialmente que uma guerra possa caracterizar um momento lúdico, já que tem uma associação direta com o prazer, mas segundo o autor, o lúdico tem que ser algo espontâneo, e apesar do Brasil ter um alistamento obrigatório, em muitos países há uma manifestação própria, o desejo e a honra por guerrear. A guerra tem um tempo e um espaço definido para sua realização, é um ritual, pois é marcada de juramentos, trocas, benzimentos. É uma atividade séria, tensa e sagrada. Apesar da seriedade há divertimento no meio dela, entre os guerreiros, quando se conquista a vitória, ou simplesmente quando se pode voltar para casa. Para ser lúdica, a guerra tem que proporcionar igualdades para seu combatentes, no sentido de que antes do jogo não vale a emboscada, a surpresa, como no caso de 11 de setembro, que o jogo começou sem que as pessoas das torres, ou do avião pudessem ter sido preparados para lutar, ou quando um homem bomba se explode em um lugar público sem dar a chance que as pessoas joguem, mesmo que para sua defesa. A guerra lúdica não tem como objetivo a morte, mas sim a honra, mantendo seu adversário vivo. Para ser lúdica, a guerra tem que ser por honra e não por motivos sócio-econômicos. Só que nem sempre a honra corresponde a vitória, pois em muitos casos ela é decidida na sorte, ou por decisões divinas. A guerra nem sempre é jogada por quem está na guerra, pois como num jogo de xadrez, muitos são somente piões, ou mesmo bispos, mas as decisões está nas "maõs" de quem apenas é o estrategista.
Perceber o ludicismo na guerra, não é vê-la apenas na guerra violenta, mas também na guerra dos nossos direitos, nas revoluções, no judiciário, onde em um tribunal as características lúdicas também estão muito presentes. É perceber a vontade que o corpo tem em lutar, em vencer.
O corpo demontra sua força agonística na luta da vida e não necessariamente na guerra. O nosso corpo é tão todo que guarda e que conta todas as lutas, que se organiza na desordem, já que não é uma máquina programada para matar, mas que consegue absorver todas as dimensões da vida sabendo lutar por honra, viver o lúdico. Se organizar no que é irreversível, no barulho das manifestações da história ou nos pensamentos de quando a cabeça está baixa por problemas da vida.
Melhor do que só ver o lúdico em uma brincadeira de criança, é viver o lúdico no jogo do adulto, trazendo ao corpo muito mais prazer em tudo...até mesmo nas guerras da vida.
Trecho do filme: A Vida é Bela, onde o pai transforma a guerra do adulto em um jogo de criança!
Um comentário:
Podem falar o que quiser, que eu sou paga pau, que to babando ovo, deixo pra lá... eu flo.... se escreve bem demais meu, putz, parabéns!! aushausa
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