Assistir ao filme "Entre os muros da escola", me levou além dos problemas e das dificuldades que passam os professores, no caso do filme, em uma escola do subúrbio francês, mas eu vivenciei momentos até mais tensos do que o filme mostra. Até a 7º série do ensino fundamental, eu estudava em um colégio municipal do meu bairro, mas como ele era apenas até a 8º série, resolvi mudar para outro colégio, já para cursar o ensino médio. Fui para um colégio estadual no município de Santo André, até bem conceituado. O que eu não podia imaginar é que a direção da escola naquele ano resolvera montar uma sala chamada multiseriada, da qual eles colocaram todos os alunos problemáticos, repetentes e novatos (já que eram desconhecidos). Eu nunca fui de me envolver em problemas, sempre fui do tipo mais estudiosa, mas isso não impediu de eu visualizar cenas de tensão, como discusões violentas entre professores e alunos, carteiras sendo atiradas do 2º andar na quadra para atingirem a professora de educação física, entre outras muitas coisas que aconteceram. No resumo da história. houve três alunos expulsos, mais três ou quatro repetentes, alguns desistentes. Eu passei de ano e fui transferida de sala, juntamente com outros alunos de bom desempenho. A direção da escola resolveu acabar com esse projeto, pois perceberam que talvés a junção não era o melhor a se fazer. Hoje, tenho uma visão diferente do que na época, da qual via muitos deles como marginais, mas penso que de fato a solução não era juntar todos e dá-los um tratamento diferenciado, pois apesar das inúmeras dificuldades, cada um tinha um problema e uma história de vida por de trás de suas atitudes, tanto que tive o previlégio de ver um deles se formando.
Alguns deles, depois no próximo ano, acabaram se tornando meus amigos, e foi nesse momento que eu pude ver que muitos deles, que eram pixadores, precisavam expressar seus pensamentos idealizadores. Eles demonstravam grande respeito pelos pais e pelos professores, quando não eram tratados de forma grosseira, mas sim respeitosa.
"Entre os muros da escola" é real, na França, no Brasil e talvéz em muitos países do mundo. E não tenho dúvida das dificuldades que um educador passa, pois a linha é tênue. Saber até que ponto a imposição, a ordem gera retorno, ou o tratamento amigável, "liberal"? Hoje entendo que a visão militarista, mecânica, generalizada como foi feito com a minha turma, da qual tudo foi classificado como "farinha do mesmo saco" sem dúvida está longe de ser o ideal, já que somos pessoas diferentes, com necessidades, que só a aproximação fará com que seja percebido de fato a nossa essência, os nossos medos, e os nossos sonhos.
No filme, para essa aproximação é pedido um auto-retrato e é isso que farei, para talvéz todos que lerem essa postagem, conhecerem um pouco mais da Evelin.
Auto-Retrato
Me chamo Evelin Luizi Farabotti, tenho 20 anos. Me considero uma pessoa comum, não tenho grandes altos e baixos.
Trabalho com vendas e sempre gostei de trabalhar, pois considero que é uma maneira de adquirir um crescimento pessoal. Comecei aos 15 anos, por vontade própria e sempre gostei de ter uma vida ativa, sem grandes dependências. Não gosto muito da rotina, apesar de ser inevitável. Sempre gostei de ler e estudar, ainda bem, pois talvéz isso esteja ajudando nesse início de faculdade.
A faculdade sempre foi um sonho, e o curso eu escolhi a mais ou menos uns sete anos atráz. Nunca tive dúvidas, pois sempre imaginei que não há nada melhor do que trabalhar com as pessoas, mas não necessariamente vendendo coisas, como faço hoje, mas sim ensinando, transformando se possível. Hoje sei que fiz a escolha certa, porque apesar de ser totalmente diferente do que eu imaginava, é muito mais rico, e tem como ideologia coisas que acredito.
Moro com meus pais, e posso dizer com certeza que são minha maior riqueza. Não tenho apenas um pai e uma mãe, mais sim dois grandes espelhos e amigos e que estão sempre comigo. Tenho um único irmão, mais velho e já casado e o amo muito também, além da minha cunhada, que não poderia ser outra, ela é a irmã que nunca tive. Tudo isso que sempre tive, e tenho dentro de casa, é muito do que sou.
Há uma única coisa que está acima de tudo que citei até agora: Deus. Ele é a minha força, meu tudo. Está dentro da minha religião - protestante - , mas nunca pode ser limitado a ela, pois o meu Deus é grande demais para ser visto de forma tão pequena, pois o caminho que escolhi não é religião, mas um estilo de vida.
Sou séria, mas sei ser bricalhona. Anciosa, preocupada, mas leal. Amo incondicionalmente, quebro a cara, guardo meus segredos...tenhos sonhos e muitos sonhos. Constituir minha família é um deles, ser mãe tambem. Amo meus amigos, gosto de música, boas músicas, gosto de dançar, de viajar, de experimentar...de viver.
Para a vida eu espero ser feliz e depois da morte... Só a eternidade.
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