30 de mai. de 2010

PALHAÇOS

Hoje percebo como a vida tem passado sem que eu conheça nada dela. Sujeitar-me a fazer atividades que eu jamais faria se não estivesse nesse curso, me fez refletir e entender que não precisamos levar a vida de forma quadrada, mas compreender que as oportunidades do novo estão a nossa frente...é só querer!
A proposta das vivências, me fez viver algo novo, inusitado e extremamente prazeroso: Fomos as ruas vestidos de palhaços para divertir e quebrar a rotina de todos que circulavam pela avenida naquela noite.
Individualmente acredito que cada um de nós teve percepções e sentimentos diversos e distintos. Uns naturalmente são mais tímidos e sentiram-se mais retraídos com a caracterização, outros como se fosse algo rotineiro, incorporaram o personagem e se jogaram para as ruas. Coletivamente acredito que apesar dos temores, da tensão e até da vergonha inicial, a diversão foi incomparável. Confesso que foi um momento do qual me diverti como criança e senti um prazer inigualável ao ver os sorrisos, o interesse ou uma simples buzinada como forma de reconhecimento daquele simples e amador trabalho de marinheiros de primenira viagem que improvisaram a todo momento para trazer alegria e ludicidade (Huizinha, J. - Homo Ludens) há um dia comum de trabalho.
Mais incrível ainda, foi compreender um pouco dessa relação corporal com os estudos, de forma clara. Primeiramente quiz compreender o porque da relação da nossa vivência corporal com a antopologia. Antropologia é o estudo do homem, mas não é só isso, já que em meados dos século XIX a antropologia deixa de ser um estudo formal, mas propõe aos antropólogos vivenciar, experimentar aquilo que se estudava do homem. Além disso a antropologia estuda o modo de vida, de forma a não julgar as diversidades culturais no sentido de melhor ou pior, mas perceber que a cultura provém da vida, das tradições e que também demonstramos toda essa diversidade cultural através dos nossos corpos que traduzem o que somos. (François Laplantine, 1988 - Livro: Da cultura do corpo - J. Daolio - 2005).
Mauss, também traduziu algumas percepções que tive da nossa experiência. No capítulo "Uma categoria do espírito humano: A noção de pessoa, a nossão do "eu", ele descreve a idéia primitiva da identificação do homem de si mesmo, e uma das formas eram as mascaradas, o personagem. Mauss nos fala de diversos povos com essa prática, que encarnavam ou reencarnavam ancestrais e se personificavam revelando outros seres. Nós quando nos vestimos, nos pintamos, nos mascaramos deixamos momentâneamente (assim como na Austrália - Máscaras temporárias) de sermos nós. Encarnamos personagem, e fizemos coisas que talvés jamais faríamos tendo a nossa postura de nós perante nossa sociedade. O uso da máscara nos leva a incrível dimensão -principalmente nesse caso, palhaços- de nos ridicularizar. A nossa sociedade não permite tais posturas e atitudes corporais no dia-a-dia, mas a mascarada nos remete ao ápice da quebra do paradigma imposto e nos permite utilizar do rídico para atingir o sucesso na personificação. Assim como no exemplo do Mauss, somos indivíduos com pápeis para figurar e juntos atingimos o objetivo do "clã". 
Já no capítulo "As técnicas do corpo", relacionei fatos da nossa vivência que foi uma percepção minha de observação ao que fizemos naquela noite, de como nós e as pessoas reagiam através de seus corpos aos fatos. Mauss afirma que cada sociedade tem suas características próprias e sem dúvida o Brasil tem enraízado na sua cultura a receptividade a coisas alegres. De forma geral, na análise feita, em pouco mais de duas horas de atividades, a maioria das pessoas contribuíram de alguma forma: discretamente através de buzinas nos automóveis, de forma mais distante, ou até interagindo junto e dançando com nós na rua, mostrando tamanha vontade em participar daquele momento.
Mauss também coloca a divisão das técnicas corporais entre os sexos, e observei algo latente em nossa vivência que aconteceu naturalmente. A nossa caracterização aconteceu ali na hora. Todos os integrantes levaram objetos que poderíamos usar, e naturalmente por uma questão social de feminilidade e masculinidade, sem perceber nós meninas nos apossamos dos objetos mais femininos e eles dos mais másculos. Apesar da caracterização e da ridicularização, a idéia de preservar nossa beleza sexual apareceu automaticamente e não nos fez quebrar os paradgimas e inverter os pápeis para atingir talvés uma personificação mais cômica. Além disso, houve momentos de participações e pessoas extra grupo, que no caso foram mulheres, e foi nítido perceber através dos corpos dos meninos que quando haviam essas aproximações por mais que os meninos estivessem dedicados ao trabalho, o desejo da "conquista" indireta falava mais alto, os deixando temporariamente menos envolvido a atividade e principalmente buscando a diminuição do rídiculo e a aproximação com seu eu do cotidiano. Essa observação, provavelmente também valeria para nós meninas, se tivessem sido rapazes ao se aproximar, e isso mostra que na nossa cultura brasileira da qual a conquista é algo tão aberto, diferentemente de outras culturas, nossos corpos se modificam a todo momento de acordo com a situação e explicitando a cultura embutida em nossos corpos.
Mauss também fala das técnicas do corpo de rendimento, do adestramento, da habilidade e adaptação aos movimentos coordenados assim como máquinas. Em todo momento da vivência, apenas um integrante do grupo se dispôs automaticamente a se jogar no chão em diversos momentos, e isso acontece devido ao fato de ele ter um corpo adestrado. Por ser lutador de tae-kwondo, têm toda uma técnica corporal de mais elasticidade e conhecimento, devido ao treinamento, de como saber cair, se jogar, e naturalmente fez isso diversas vezes como a representação de uma cultura corporal individual, enquanto eu e os outros, limitavam-nos a aquilo que nossa memória corporal nos permitia, sendo um pouco mais contidos nos movimentos.
Essa experiência trouxe novas percepções para nossos corpos e uma memória que não se pagará, mas muitas outras vivências foram feitas na classe, e com certeza todas elas berram a nova compreensão e percepção que temos aprendido sobre corpo. Comer comida estranha, ser um cadeirante, dançar com parangolés, vivenciar o mundo circense, entender a vida de um morador de rua, conhecer mais sobre os imigrantes...todas essas foram novas experiências vivenciadas.
Além de tudo isso, essa semana também tive a oportunidade de andar de skate, na iniciação a esportes radicais. Foi algo novo, já que eu nunca havia feito. Experiência que trouxe medo inicialmente, mas prazer logo depois, já que o corpo foi se adaptando e incorporando a adrenalina, trazendo prazer e a troca de experiências, já que algumas pessoas já possuiam as técnicas de como trabalhar com seu corpo para utilizar do skate e compartilhou isso, o que me ajudou a perceber que o corpo se adequa aos instrumentos e busca sempre o objetivo, inclusive para que o próprio corpo não sofra as consequências.
Todas essas experiências que nos tem sido propiciadas e que estamos aproveitando para conhecer, mostra-me que a forma antropológica da experimentação traz uma nova concepção de vida e principalmente de estudo. Como escreve Daolio, é a idéia do "formar-em-ação" e que me remete a junção de tudo que tenho aprendido desde o início de ano compreendendo que a educação física tem que ser "plural", ativa, irreversível, contemporânea. A ciência quântica, quebra a visão cartesiana do homem máquina, fragmentado e a educação antropológica, mostra um corpo livre, inteiro, disposto a entrar em ação desde que a proposta da educação seja quebrar paradigmas e proporcionar o desejo de aprender, da sabedoria e não de jaulas com lousas, cadeiras e cópias...cópias que é repetição e não ação.

Bibliografia:
MAUSS, Marcel - Sociologia e Antropologia. E.P.U, edusp, São Paulo, 1974 - 1º edição.
DAOLIO, Jocimar. Da cultura do corpo. Editora: Papirus, Campinas, 1995, 108 p.

22 de mai. de 2010

Escritores da Liberdade + experiências = sabedoria para a vida.

Ideais, sonhos...o que queremos, o que somos? Deveriam ser perguntas simples de respondermos, mas não são. Compreender a complexidade da vida, do lhe dar com corpos que vivem diferentes situações, compreender o que cada pessoa faz, mesmo que inicialmente pareça errado, enxergar além do superficial. Essas são algumas situações que um professor, ou além disso, um educador tem que viver. Essa semana me foi apresentado, através de um filme baseado em fatos reais, uma história que conta a vivência de uma professora que transforma a vida dos seus alunos, através do mergulho ao desejo de vê-los diferentemente.

O filme "Escritores da Liberdade" retrata toda a dificuldade de lidar com alunos que eram excluídos por toda a direção da escola, pelo sistema, mas também por eles mesmos, já que se consideravam a margem daquela sociedade e encontavam nas gangues uma maneira de serem melhores. Erin Gruwell, a professora, cria estratégias para chamar a atenção dos seus alunos e mostra a eles, que heróis de verdade não são os que matam por brigas de gangues sem sentido, mas aqueles que sobrivem a guerras muito maiores. Partindo desse argumento, atrái a atenção dos alunos e trabalha com a literatura, e leva-os a exposições que mostram as "grandes gangues" da história -como o nazismo- e ensina-os que em guerras, muitos inocentes morrem, sofrem. "O diário de Anne Frank" é um dos livros que a professora apresenta, e também utiliza-se da idéia do diário para conhecer seus alunos. Enxergando sem máscaras a vida real de cada aluno, o interesse de transformá-los vai além, até mesmo sacrificando sua própria vida.
O filme além de impactante, mostra uma perspectiva do quanto a educação de verdade exige interesse daquele que o faz, exige sacrifícios que não são fáceis. Fazer o que Erin Gruwell fez, talvés seja impossível num plano educacional para 100%  dos casos, mas o simples fato de perceber, questionar o que é educação de uma forma geral, e tentar modificá-la saindo de um formato quadrado já seria um passo inicial. Baseado no que foi tratado na ultima postagem, acerca do debate da Viviane Mosé, no Café Filosófico, percebem-se vários pontos em comum, principalmente sair da mecânica e da burocracia da educação. Eu me questiono o que aprendi de fato na escola ao longo de dez anos. Muito pouco ficou gravado, porque muito pouco foi vivido. Hoje compreendo que o que importa não é o quanto o professor vai passar de atividade, de lição, porque copiar um texto da lousa só me fez perder tempo e gastar papél e isso não me faz recordar de nenhum texto que eu tenha escrito, mas quando plantei uma árvore ou debati em sala de aula sobre ética como fiz na matéria de filosofia uma vez já no ultimo ano do ensino médio, são coisas que eu lembro, porque vivi de forma inteira. Sempre fui aluna de média A ou B e quando vejo a vida percebo que tudo o que sei, não foi a escola que me ensinou, mas outras experiências.
A música abaixo mostra esse lado mecânico e pouco promissor da nossa educação tradicional:
Música Estudo Errado - Gabriel O Pensador

Viver... vivenciar, é isso que fazemos a cada dia. Sentir nosso corpo, provar o novo, viver o lúdico, passar vergonha. Dançar country foi novo para mim e para quase todo grupo. Nos caracterizar nesse universo do interior e compreender sua cultura, mas principalmente ver e viver nossos ensaios e a apresentação foi o mais interessante. Assistimos e dançamos vários estilos como forró, anos 60, samba rock, entre outros, vivemos momentos lúdicos, prazerosos, percebemos as diferenças dos corpos ao traduzirem o que sentiam quando dançavam, como a timidez, a desenvoltura, a entrega. Em alguns momentos houve a espontaneidade na imporovisação ou no simples desejo de dançar. Em alguns percebiamos os problemas daquele corpo falarem mais alto, deixando-os mais de lado, em outros víamos a satisfação e a incorporação assumindo aquele corpo que mesmo fadigado, entregava-se ao desejo de dançar. 

Daolio (1995, p.39-40) “O homem, por meio do seu corpo, vai assimilando e se apropriando dos valores, normas e costumes sociais num processo de inCORPOração (a palavra e significativa). Diz-se corretamente que um individuo incorpora algum novo comportamento ao conjunto de seus atos ou uma nova palavra ao seu repertório cognitivo. Mais do que um aprendizado intelectual, o indivíduo adquiri um conteúdo cultural. Em outros termos, o homem aprende a cultura por meio do seu corpo.”. Compreender essa definição do Daolio, é perceber que sugamos tudo o que nosso corpo compreende como importante, somos nossa própria cultura, contamos nossa vida no corpo, nossas marcas, nossas histórias, mas dentre tantas coisas que vivemos dia após dia, nos lembramos apenas das experiências mais marcantes, então cabe a nós compreender e fazer a cada dia com que as coisas comuns se tornem experiências, e para isso temos que ir além e viver, aprender, mas aprender de verdade, experimentar sem medo, brincar, lutar, entender, ter sabedoria e proporcionar sabedoria através do argumento mais simples, desligando as máquinas da rotina, do isolamento e abrindo as jaulas para a liberdade, para a compreensão dos valores, do que importa, para a entrega do viver.

Bibliografia:
DAOLIO, Jocimar. Da cultura do corpo. Editora: Papirus, Campinas, 1995, 108 p.

15 de mai. de 2010

Experimentações: O ínicio

Vivências... Essa foi a palavra da semana, e será ainda de muitas que virão.
Tenho compreendido a cada dia a importância da exploração do corpo. Não sei o que consigo fazer, o que gosto de fazer, desconheço minhas habilidades, mobilidades. A exemplo disso foi a aula de vivências terrestre. Saltitar, sincronizar movimentos -tão naturais do andar- em uma demonstração em câmera lenta de corrida... Movimentos que esquecemos que existe, que deveriam ser tão normais já que é nosso corpo, mas que ganha até sentido bizarro devido a nossa falta de experimentação. Me senti até constrangida ao perceber a dificuldade que tenho de arremesar uma bolinha de meia a uma certa distância para acertar objetos, mas não foi só esse sentimento que valeu, mas também a percepção de que coisas tão simples não são simples para todos, de que talvés aquilo que para mim é insignificante de tão fácil, para outro pode ser complexo e tenso e vice-versa, é a idéia e a reflexão que tudo depende do contexto.
Novas experiências possibilita, em alguns casos, frustração ou prazer, alegria, estranhamento, tensão e também parte disso foi vivido na exposição que fizemos sobre Corpo, Jogo e Luta. A idéia é que pudéssemos compreender dentro de um único tema a junção dos assuntos. Huizinga (2005) no capítulo O Jogo e a Guerra de Homo Ludens, transmitiu o abrir dos olhos para ver o lúdico, o jogo, dentro da vida, inclusive na guerra ou na luta. O índio, tema da encenação, nos levou a essa compreensão. Primeiramente percebemos-o como totalidade de corpo. O índio quinhentista (mais do que o índio do séc. XXI) expirava cultura, estilo de vida. Seu corpo era a demonstração viva de seu todo, sua arte, sua história, sua cultura, assim como hoje na nossa cultura urbana vemos pessoas que se transformam, fazendo tatuagens, piercings, implantes, entre outros, para mostrarem o que são, sua ideologia, assim também os índios representavam em suas pinturas, suas transformações aquilo que era sua vida, sua tribo. Os índios compreendiam sua visão total interligada com a natureza, se enxergando nela e vendo-a sendo ele, o índio estava muito distante da idéia cartesiana, de corpo máquina, matemático (A nova Aliança - Ilya Prigogine e Isabelle Stengérs – 1991), o índio tem em si a liberdade de expressão, a diversidade exposta, o todo não platônico, o todo livre, o todo arte como diz Inês Bogéa no livro Espaço e Corpo de Ivaldo Betazzo "O corpo se comunica por movimentos, sons e palavras que expressam um saber."
A luta também é vista de forma clara na vida do índio, seja a luta idealista, por mantér sua cultura, seja guerreada corpo a corpo, em suas batalhas com o homem branco ou com tribos rivais. A luta do índio é lúdica, é jogo, pois tem as caracteristicas como um local (na tribo, na floresta), tempo, é constituída de uma presença marcante do ritual (pintura, dança, adoração aos deuses), é livre, já que para a cultura indígena antiga ser guerreiro é ser honrado, a luta por ideais concretos (manter sua terra, honra pelos guerreiros, etc), a luta é tensa, é livre. Também percebemos que nesse caso há uma perca de característica lúdica, já que quando também falamos de índios, principalmente da época do descobrimento (exemplo: Tribo Tupinambá), uma caracteristica marcante era a idéia da morte do seu oponente, podendo até ir mais adiante num ritual de antropofagia (Os índios e o Brasil – Mércio Pereira Gomes – 1988, 2º ed. e Hans Staden - Duas Viagens ao Brasil, 1558) do qual além de capturar seu oponente, eram feitos vários rituais e depois ele era morto, esquartejado, e comido por todos membros da tribo, lembrando que esse ritual era feito apenas com oponentes guerreiros e fortes e nunca com um oponente fraco e covarde, já que os índios acreditavam que ao ingeri-lo seu espírito forte passaria a pertencer agora a tribo vencedora. Esse fator da antopofagia, ou apenas da morte, faz com que se perca uma característica lúdica ja que segundo Huizinga, a luta lúdica está ligada algumas vezes ao derramamento de sangue, mas não a morte, já que pode-se atingir a honra sem a morte do oponente.
Maravilhoso não foi apenas compreender e saber aplicar o conteúdo escrito em algo prático, mas também vivenciar a prática. Experimentamos ser índios, nos vestir, nos pintar, interpretar como tal. E eu apesar de não ter encenado como índia, senti tensão em daclamar palavras num contexto teatral, algo que eu nunca havia feito antes. Perceber essa conexão do teórico com a vivência além de ser um aprendizado nos faz crescer, explorar, sentir algo novo.

Apresentação Corpo, Jogo e Luta - Experimentando ser índio

Essa idéia de sentir, de experimentar foi discutido no programa Café Filosófico CPFL, do dia 07/05/2010  (veja o link de acesso ao final da postagem) com Viviane Mosé sobre a "Educação", da qual são feitas diversas percepções do que é a nossa educação hoje, do que são as escolas, do modelo fragmentado do qual limita-se ao umbigo de cada indíviduo produzindo um "ensino" em série, fraco que não experimenta, fechado entre grades e um sistema militarista, tratando como uma linha de produção de uma fábrica, sem notar a singularidade do individuo, mas também sem perceber o todo como um sistema que é conectado, interligado com um mundo lá fora, que também está aqui dentro.

Pink Floyd - Another Brick in the Wall
Que mostra a visão "industrial" da escola, onde os alunos são apenas uns amontoados de carne... Não levando a experiência, tampouco ao aprendizado.

Essa conexão com o mundo pode se dar também através da arte, como a dança que a exemplo do filme "Vem Dançar" proporcionou a integração, transmitindo através do procedimental o melhoramento atitudinal (Suraya Darido - Para Ensinar Educação Física). O comprometimento do professor ensinou muito além de passos de dança, mas conceitos para um melhoramento como cidadãos, proporcionando aos alunos a abertura das portas para uma nova experiência, rompendo os preconceitos e utilizando de estratégias e fundamentação para que houvesse uma aceitação não só dos alunos, mas também um rompimento da barreira burocrática da visão limitada do conselho.
Lidar com educação é mais complexo do que imaginamos, mas tenho aprendido algo fantástico: Mais importante do que ensinar é proporcionar oportunidade do outro buscar, aprender, vivenciar. Nosso mundo contemporâneo não permite mais a passividade, o comodismo. Temos que aprender a utilizar as ferramentas dos avanços tecnológicos a nosso favor, fazendo cada vez mais curiosos, mais ativos ao invés de nos levar a uma passividade depressiva e fragilizante. Mudar não é fácil, experimentar não é fácil, como já citei, pode nos causar tensão, medo e até vergonha, constragimento, mas são essas experiências que nos permitem um conhecimento que vai além das palavras, das teorias, mas um conhecimento sentido no corpo que é a vida!

Link - Trecho do programa Café Filosófico CPFL - Viviane Mosé


9 de mai. de 2010

A exploração do corpo que dança, que brinca, que vive!

Explorar, sentir... liberdade...no corpo, não fazemos!
Perceber a complexidade que somos me traz um espasmo inigualável. Ao assistir ao filme (com um novo olhar) O Homem Bicentenário, percebi por quantas mudanças que o personagem robô interpretado por Robin Williams, chamado por ele mesmo de ISTO, teve que passar para se aproximar do ser humano e não falo do no sentido físico já que não somos apenas carne, mas no sentido de aprendizado, de sentimento, de critatividade, no sentido total como o filme retrata.  Isaac Asimov, criador da idéia do filme, faz ressaltar em Andrew (robô) tudo o que somos e ainda traz uma mensagem fantástica: O explorar. Assistindo depois a vários outros vídeos, passava em minha memória a decadência da qual os próprios profissionais de educação física, que trabalham como o corpo, tratam limitando-o a rendimento, repetições, deixando de lado toda interpretação e toda a profundidade e as mais diversas situações que o nosso corpo pode trazer, seja através da música, da arte, ou da vida. Lembrei-me de uma experiência própria: Sempre gostei da prática de atividades físicas e fiz por um perído da minha infância ginástica olímpica, introduzindo na ginástica artística e por mais belo que fosse, além das dificuldades, não nos expressávamos livremente, já que sempre estávamos presos a coreografias e a perfeição dos movimentos. Mas também há um tempo atras dançava na igreja e diferentemente, eu era livre para criar. Era um jogo lúdico, um ritual de adoração ao meu Deus, uma dança livre de coreografias, de marcações ou de julgamentos de feio ou belo, se havia precisão ou não nos movimentos, mas era apenas uma dança livre que saía da minh'alma, de tudo que sou e acredito. Dançar é uma forma de exploração do corpo todo, e pode ser feito e visto de forma mais livre como eu fazia ou num sentido mais profissional, tão empolgante e transformador quanto. No filme "Vem Dançar", a dança é trazida como um instrumento de transformação social, pois mostra como pessoas que tinham suas vidas dedicadas a rebeldia  e até marginalidade puderam ser transformadas pela arte de dançar, quebrando pré-conceitos de classes sociais e até no sentido de masculinidade, algo que infelizmente é questionado por muitas culturas quando praticados por homens certos tipos de danças.
Perceber o quanto nosso corpo pode demonstrar, se explorado, do que somos é nos conhecer. Com certeza quando eu dançava, ou quando danço ainda mesmo que no meu quarto, o quando canto, sou muito mais eu do que em outras situações, pois são nesses momentos em que tenho a liberdade, a ludicidade e os padrões, os julgamentos são deixados de lado. Quando fizemos os jogos cooperativos essa semana, também nos entregamos a momentos de prazer e liberdade, exigindo do corpo, como eu fiz que de tanto pular corda no dia seguinte sentia meu corpo doer, mas devido ao prazer aquilo tornava-se insignificante.
Não sei dançar com técnica, não sei jogar todas as brincadeiras de modo que vencerei, mas a cada dia aprendo a ver meu corpo de forma toda, a dar valor as menores coisas que faz de mim o que sou. 
Seria gratificante se todos pudessem ser inteiros, e não partes (sistema cartesiano), como mulheres quando apenas são suas bundas, ou homens que são apenas músculos, ou quando não se dança por vergonha de ser julgado, mesmo que de forma errônea, ou quando se deixa de lutar por medo das retaliações. 

Que sejamos livre com o nosso corpo, que exploremos nossa totalidade e que os padrões não nos façam desfalecer sem ter o prazer da ludicidade... como o vídeo abaixo mostra: É uma prisão se ver apenas parcialmente e não na perfeição da essência humana.



1 de mai. de 2010

A guerra lúdica da vida

Ler, explorar, aprender são coisas que a universidade me proporciona todos os dias, mas a letra sem prática muitas vezes torna-se vazia, e poder enxergar os conteúdos na minha vida, ou na história é algo que traz mais clareza, além da beleza de poder ver tudo por um novo olhar, um ângulo que era desconhecido. Esse é o intuíto, e é assim que o Huizinga trabalha nas nossas mentes com seu livro Homo Ludens. A nova leitura do capítulo O Jogo e a Guerra, me fez perceber como o lúdico está presente nas coisas mais diversas, na história, na vida. Imaginar que o jogo lúdico possa ser resumido em uma brincadeira de criança é minimizar uma visão magnífica de que o lúdico está e sempre esteve muito presente.
As guerras e as lutas são marcantes na história, e o Huizinga demonstra características do ludicismo até nesse tipo de atividade. É verdade que é um tanto quanto difícil imaginar inicialmente que uma guerra possa caracterizar um momento lúdico, já que tem uma associação direta com o prazer, mas segundo o autor, o lúdico tem que ser algo espontâneo, e apesar do Brasil ter um alistamento obrigatório, em muitos países há uma manifestação própria, o desejo e a honra por guerrear. A guerra tem um tempo e um espaço definido para sua realização, é um ritual, pois é marcada de juramentos, trocas, benzimentos. É uma atividade séria, tensa e sagrada. Apesar da seriedade há divertimento no meio dela,  entre os guerreiros, quando se conquista a vitória, ou simplesmente quando se pode voltar para casa. Para ser lúdica, a guerra tem que proporcionar igualdades para seu combatentes, no sentido de que antes do jogo não vale a emboscada, a surpresa, como no caso de 11 de setembro, que o jogo começou sem que as pessoas das torres, ou do avião pudessem ter sido preparados para lutar, ou quando um homem bomba se explode em um lugar público sem dar a chance que as pessoas joguem, mesmo que para sua defesa. A guerra lúdica não tem como objetivo a morte, mas sim a honra, mantendo seu adversário vivo. Para ser lúdica, a guerra tem que ser por honra e não por motivos sócio-econômicos. Só que nem sempre a honra corresponde a vitória, pois em muitos casos ela é decidida na sorte, ou por decisões divinas. A guerra nem sempre é jogada por quem está na guerra, pois como num jogo de xadrez, muitos são somente piões, ou mesmo bispos, mas as decisões está nas "maõs" de quem apenas é o estrategista. 
Perceber o ludicismo na guerra, não é vê-la apenas na guerra violenta, mas também na guerra dos nossos direitos, nas revoluções, no judiciário, onde em um tribunal as características lúdicas também estão muito presentes. É perceber a vontade que o corpo tem em lutar, em vencer.
O corpo demontra sua força agonística na luta da vida e não necessariamente na guerra. O nosso corpo é tão todo que guarda e que conta todas as lutas, que se organiza na desordem, já que não é uma máquina programada para matar, mas que consegue absorver todas as dimensões da vida sabendo lutar por honra, viver o lúdico. Se organizar no que é irreversível, no barulho das manifestações da história ou nos pensamentos de quando a cabeça está baixa por problemas da vida. 
Melhor do que só ver o lúdico em uma brincadeira de criança, é viver o lúdico no jogo do adulto, trazendo ao corpo muito mais prazer em tudo...até mesmo nas guerras da vida.

Trecho do filme: A Vida é Bela, onde o pai transforma a guerra do adulto em um jogo de criança!